terça-feira, 15 de junho de 2010

Bem que eu gostaria de...

Qualquer final de tarde nunca pareceu tão vazio e as coisas nunca pareceram tão fora do meu controle. Me sinto imersa no vácuo que não me permite fazer movimentos bruscos com o propósito de me resguardar da possível queda que me aguarda. Minha consciência se perdeu antes mesmo de encontrar motivos e justificativas, porém o silêncio conseguiu se manifestar e clarear tudo o que foi evitado em mim. Estou sentindo algo inquietador que jamais me permiti ou tive a infelicidade de sentir. Preferia estar preparada pra não enfrentar isso sozinha, como estou agora, com os olhos atados, sem saber que direção tomar. É devastador o modo como isso engole todos os sentidos e consequentemente sou capaz de me afogar em músicas. No momento creio que apenas três músicas são necessárias para mim. As únicas três que encontrei, que não relatam momentos de amor. Assim não possuem o menor significado diante da intensidade e da estranheza que isso causa. Consigo escutar a melodia lenta sem que as letras rasguem meu coração em fatias. Experimentei diferentes sensações de uma só vez e essa, que sinto no momento, é a única que tem a capacidade de absorver grande parte das outras que já me proporcionei incontáveis vezes. Parece que acabei de perder algo totalmente irrecuperável, sendo que até agora não tenho motivos para me lamentar, nada ocorreu, tudo ainda segue pairado no ar, abstrato. Sinto os cílios se fechando rapidamente junto com as pálpebras, tentando abrigar meus olhos para que não vejam o previsível. A dor que é o único resultado dessa fatal solidão e de todos os momentos que já fazem parte das inesquecíveis lembranças. Bem que eu gostaria de poder reviver tais fatos. Porém agora só me resta o tempo dizer se tudo foi em vão ou não...