quarta-feira, 25 de julho de 2012

Novo mundo, de novo.

É...Foram dias insuportáveis, a dor se infiltrava em cada uma de minhas veias e eu sentia o meu corpo dilacerando. Eu clamava por sentir algum tipo de dor física, só pra saber que estava doendo, aquela dor sem dor, nunca me pareceu tão dolorosa. Ardia, queimava. As lágrimas que desciam do meu rosto dia após dia, eram meu combustível vital. E as palavras...ecoavam, uma, duas, três vezes, e se misturavam com as lágrimas e com a dor. Eu não sabia se dormia, se acordava, se comia. Achava que tinha desaprendido a respirar, achava que tinha desaprendido a amar. As cortinas fechavam as janelas, porque a luz do dia era demais para minhas retinas, ela cortava. Eu não queria dia, eu queria noite, só noite. Porque então eu poderia achar que era só um pesadelo. Um pesadelo que cedo ou tarde iria passar. Talvez fosse uma noite de sono e de dor eterna, eu não sabia medir. Nunca me senti tão fraca e debilitada em toda a minha vida, era como se tivessem levado um pedaço de mim, aquilo era um pedaço de mim, um pedaço dos meus últimos meses, um pedaço da minha vida. E eu olhava em frente, e minha única conclusão era que nada nunca tinha parecido tão sem explicação. Vago, olhar vago, dias vagos, noites vagas, pensamentos vagos e uma interrogação, diversas interrogações. E cada abrir e fechar de olhos parecia mais doloroso. Então eu me despedi, antes de qualquer coisa, antes de tomar um rumo diferente. Me despedi e dali levei só a dor, dor e lágrimas, últimas lágrimas. E um certo quê de raiva. Raiva de algo que eu não sabia o que era, talvez raiva de mim. Mas mesmo com meus momentos difíceis eu sabia que eu nunca havia deixado de estar do lado. Nunca deixei de apoiar e de amar. Nunca faltei. Amei de um jeito puro, profundo, inocente, e eu só queria o mesmo em troca, eu não pedia muito. E naquele dia decolei com dor, dor de um coração partido, dor de um tempo desperdiçado, dor de um primeiro amor que seria pra sempre e que pra sempre precisava ser esquecido. Fui, venci meu medo e fui. Deixei uma carta. Uma carta que continha minhas últimas palavras e assim fui, pra longe, pra outro continente, pra outro mundo. Cruzei o Atlântico pra ficar sozinha comigo, com meu sentimento e com minha promessa de não chorar mais. Do alto, eu vi a lua, cheia. Mais linda que nunca, parecia tão perto, só não esteve mais linda porque não podia, porque olhar aquela circunferência brilhante, me remetia ao vazio deixado em meu coração. Era tão dificil sorrir, haviam pesos nos meus lábios, meus dentes se sentiam privados de aparecer. Eu simplesmente não conseguia sorrir. E aos poucos aquela dor foi passando, não completamente, mas o mundo que eu estava descobrindo era tão excitante, que a dor se transformou em algo pequeno. Eu recebia a atenção necessária de olhares que me faziam acreditar de novo que eu era boa, que eu era uma pessoa diferente em algum sentido, ainda que já houvessem me dito que não, eu me agarrava naquilo de um jeito forte. Eu lutava pra esquecer, comecei a criar mais raiva dentro de mim e alguns outros sentimentos ruins, isso fazia a cura parecer mais rápida. E eu sabia que tinha até o dia do meu retorno para estar completamente intacta. Pronta pra recomeçar. E foi o que eu fiz. Foram dias incrivelmente maravilhosos, porém a dor continuava lá, fina, como a chuva que caiu no dia do meu retorno. Do outro lado, tudo parecia bem, ninguém parecia mais se importar com que havia passado e nem com o buraco que havia sido deixado no meu coração. Então voltei, buscando um novo amor para tampar o antigo, tentei. Tentei com forças me prender à outra pessoa, mas meu mundo acinzentado continuava exatamente da mesma cor. Eu não sentia absolutamente nada. Frieza, quem sabe...E quando menos esperei, quando minha cabeça já girava em outra órbita, aconteceu o que eu temia...Lá estava ele, mais uma vez, mais uma de algumas. Mas dessa vez parecia tudo diferente, eu estava diferente, porém só eu não bastava. Só um, nunca basta. Eu me encontrava em um labirinto, tantas informações me cortavam, tantas pessoas esperavam para ver minhas atitudes.  Eu não conseguia imaginar que a pessoa que me abalou daquela forma também tinha sofrido por mim. Eu não conseguia acreditar que ela estava arrependida e que agora via verdade em tudo o que eu dizia. Eu não sabia que o que parecia um sonho era o início de outro pesadelo. Eu não queria, eu não podia atravessar pelo mesmo caminho. No fundo algo me dizia que iria ser igual, mas eu não conseguia acreditar, parecia ter uma aura diferente sabe?  E lá estavam emoção e razão, uma lutando contra a outra...Foram dias difíceis. Foram duelos inevitáveis. E depois de tantas palavras e demonstrações, eu cedi. Cedi porque eu pensava que nunca seria mesma coisa. Cedi porque aqueles momentos inesquecíveis que eu tinha vivido eram mais fortes. Dei uma chance pro amor, uma chance perdida pra ele, e uma chance nova para minha maturidade e pro meu crescimento interior. Achei que tivesse acordado daquilo que fingi ser um pesadelo e aqui estou de novo. Foi tudo pior, bem pior. Na verdade, os primeiros dias foram maravilhosos, eu achei que finalmente pudesse amar, sem medo. Mas depois a dor voltou. Só dor, dia após dia. Só medo. Era um passo de cada vez, mas o caminho era o de sempre, penoso, doloroso, sem um ponto de chegada. Saí de Paris, uma cidade dos sonhos, para reviver um pesadelo sem fim num cotidiano cheio de promessas falsas, cheio de atuações. Vivi em um cenário de novela, acreditei no que não merecia crédito e caí, mais profundamente que antes. Era um poço sem fim, cheio de lodo, no qual eu só me afundava mais e não conseguia chegar ao topo. Os dias se passavam e eu sentia minhas mãos escorregarem. Me afundei em dor, me afundei em mim, me afundei nos dias frios das noites de inferno, me afundei no meu cobertor em dias de chuva. Até que a chuva passou e os dias ensolarados saíram, de um dia para o outro, quando eu menos esperei. Foi como se todo o passado tivesse virado uma lembrança e tudo que estava escrito tivesse sido apagado. Folha branca, página que não foi lida, nova história. E assim foi...Deixei no passado quem só me fez chorar, pra gritar para o mundo que eu só mereço quem me faça sorrir.