quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Renascer.

Ele se movimentou e iniciou uma caminhada em minha direção. Podia me ver de um ângulo melhor do que nunca. Eu estava totalmente entregue. Observei aquele rosto fechado e passadas firmes. Minha consciência afirmava que aquele ato havia sido premeditado sem ao menos cogitar mudar o rumo de nossas vidas. Seus olhos esverdeados pareciam mais frios do que normalmente. Antes de abrir um sorriso, pensei algumas vezes e achei melhor não. Aquele momento não iria se desenrolar de uma boa forma. Era muito fácil sentir. Meu coração oscilava palpitadas mais fortes e fracas, de acordo com minha respiração tensa. O ar que entrava em minhas narinas trazia consigo um pouco de infelicidade. Estava me congelando por dentro e eu nem ao menos sentia mais os pés. Tinha certeza que o fim se daria ali. Noite fria de inverno. Tão fria quanto seus olhos. Tão fria quanto a cor cinza gélida da lua que iluminada nossos rostos. Parei de pensar no que aconteceria por alguns instantes, enquanto fitei e me apaixonei uma vez mais por aqueles olhos. Eles me inebriavam de uma forma inexplicável e eu só desejava sumir. Tentar esquecer os acontecimentos passados e arquitetar um novo futuro, mas era impossível. Dezoito andares me separavam do chão. Era como se nada fosse mudar. Os pingos de chuva me faziam tremer e nem ao menos o capuz me agasalhava. Durante sua fala, algumas lágrimas que estavam presas em mim, finalmente encontraram a hora certa para aparecer. Nada conseguia interrompê-las. Frio como pedra ele me deu as costas. Não pensou duas vezes. Não pensou em mim. Não pensou em nós. Agora não me restava mais nada, a não ser mãos vaziam que deixavam que a água da chuva se esvaísse, assim como deixei que acontecesse com ele. Fechei meus olhos e me movimentei de uma forma que já não poderia fazer sentido aos meros mortais. Não consegui pensar em absolutamente nada. O tempo jamais anestesiaria esse sentimento. Me conformei em ser fraca e frágil. Não eram mais 18 andares que me separariam dele nesse instante, e sim duas formas de vida diferentes. Fechei meus olhos para sempre. Voei.