terça-feira, 13 de maio de 2014

Carta para um desconhecido (por quem me apaixonei).

Ontem e hoje recebi mensagens suas. Pra ser sincera, a primeira mensagem eu não sabia que era sua. Eu tinha excluído seu número, ajuda a esquecer não ficar abrindo a sua janela o tempo todo e lembrando de quando suas mensagens faziam parte da minha rotina.Só na segunda mensagem percebi quem era. Sim, não respondi. Sim, eu estou esquecendo a gente. Sim, a cada dia que abro os olhos e percebo que sonhei com você, faço questão de me esforçar mais e mais pra te apagar. Sim, você conseguiu me afastar de verdade. Sim, me envolvo rápido mas estou conseguindo aprender a deixar de lado com a mesma rapidez. Hoje faz uma semana que aconteceu o momento mais doloroso de todos. Depois de todas as minhas tentativas fracassadas de te esquecer ou então te fazer me notar e ficar do meu lado, você perguntou: "Se sou tão babaca assim, porque você ainda fala comigo?". É, realmente, bem curioso. Talvez seja pela minha vontade de sempre deixar a bondade ultrapassar qualquer mágoa ou dor. Talvez seja pelo sentimento que ficou. Talvez um pouco de cada, quem sabe. No instante da sua pergunta, fiquei tão assustada que não consegui sequer pensar em uma resposta. Quer dizer, a única que eu tive foi aquela que digitei de um jeito meigo e trôpego de quem não queria destruir mais nada. "É porque tenho um carinho enorme pelo que nós dois tivemos." É, senti carinho. Mas senti muito além. Senti vontade de cuidar, de conversar, de compartilhar experiências, de ficar junto, de estar perto, de não ir embora, de sorrir junto, de sonhar junto, de dormir e acordar junto, de dividir momentos, de fazer café da manhã, de imaginar um futuro, senti muita coisa relacionada a nós dois em tão pouco tempo...Muito boba, né? Boba a ponto de ser sincera ao extremo, de deixar claro o que sentia, de ser a menina sentimental que não jogava e não subestimava os sentimentos de ninguém. A menina que passou por cima das cicatrizes e sentiu novamente as borboletas no estômago batendo as asas, e levando-a o tempo todo até você. Me apaixonei. Quem diria, né? Aquela que tinha pedido para você não se apaixonar. Alguns anos mais nova, cheia de medos e sonhos e mesmo assim me deixei sentir aquilo. E foi do meu jeito de sempre. Torto, sentimental, cuidadoso, bobo, chato, complicado, grosso, implicante e defensivo de ser.  Esse é meu jeito. Aquele jeito que você conheceu. Aquele jeito de quem mostra que gosta de verdade.  Aquele jeito de quem manda mil mensagens até tomar um fora. Aquele jeito de quem tenta dar certo até o último segundo.  Aquele jeito que me fez brigar por querer passar mais tempo com você. Fazer coisas bobas como ir a praia, ver filme de avião, ou o pôr do sol, jogar conversa fora, sair pra jantar. Quem sabe algum dia você não vai sentir vontade de ter feito tudo isso, quem sabe? Todas essas coisas que faz quem gosta e quer ficar junto. O mais curioso da vida é como a gente luta pra ficar perto de alguém quando gosta. E é mais curioso ainda quando você jura que é recíproco, e não é. Parece que fica uma interrogação, um ponto desfeito, um vazio, uma falta de comunicação. Depois que passa é engraçado, né? A gente sonha em voltar no tempo só pra viver o início. Uma sensação de saudade gostosa dos momentos felizes que marcaram. Lembro bem da primeira noite. Posso jurar que foi uma das  primeiras saídas mais legais que tive com alguém. Eu estava sendo eu o tempo todo, e você gostava do que estava vendo. Era divertido ver o seu sorriso enquanto eu tagarelava e gesticulava por minutos seguidos. Não sei descrever. Foi especial. Um pouco cinematográfico diria. Até hoje não sei se era uma atuação, ou se era você de verdade. Até hoje não sei quem você é, ou o que se passou na sua cabeça relacionado ao que tivemos. Mas de algum jeito foi nessa noite que acreditei em você. O seu jeito de falar era sincero, sabe? E aí me deixei levar. Parece tão bobo acreditar em alguém que você nem conhece. Parecia tão mágico e tão real ao mesmo tempo. Fluía de um jeito tão lógico e sincronizado. Pra mim, não pra você. Enquanto investíamos em nós, você criava sua armadura contra mim. Sem sentido. Incoerente. É, eu sei. Eu tirava as minhas peças pra mostrar que estava aberta ao que sentia e com sinceridade colocava meu coração em jogo, enquanto você colocava um escudo ao redor do seu. E foi aí que me perdi. Você foi. Eu fiquei. E esse sentimento me atormentou. Sua falta me atormentou. Sua falta de preocupação me atormentou. Seu egoísmo. Suas mentiras. Sua falta de sinceridade. Você simplesmente não se importou. Com nada. Veio tão rápido e levou um tempo pra ir. E doeu em mim, sabe? Doeu porque eu realmente fui sincera desde o início, sem máscaras. Sem jogo. E isso também não foi recíproco.  O mais curioso é que você diz que já sofreu. Normalmente quando alguém nos faz mal, temos um cuidado maior com o sentimento de outra pessoa. Mas vai ver você pode ser diferente. Simplesmente só vê você, seus medos e suas necessidades. Eu não vou te julgar, assim como também não vou entender. Mas disso tudo eu prefiro esquecer. Não vale a pena sabe? Afinal a dor passou. E agora vou lembrar apenas do que ficou e me marcou. Os carinhos. As ligações. As preocupações. As risadas. Os apelidos. As brincadeiras. A primeira saída. As noites junto. Os olhares. Os elogios. Todos os motivos pelos quais me apaixonei. Ainda que você não seja mais essa pessoa,  ou não queira ser, isso fica com toda força. Talvez, algum dia quem sabe, você acorde com saudade da menina que abriu mão dos jogos pra tentar viver algo diferente. Talvez, queira distância de alguém que sonha demais, justamente por você achar que não consegue tirar os pés do chão. Talvez, em uma tarde vendo um avião, passe pela sua cabeça a minha imagem e você perceba que devia ter me feito ficar. Talvez me veja do seu lado quando estiver vendo um filme sozinho, ou em uma noite fria de inverno precisando ter alguém pra aquecer. Talvez quando fique mais velho tenha vontade de ser pai e lembre da minha vontade de ter cinco filhos com aquele sorriso de canto de boca de quem acha isso uma grande bobagem. Talvez se lembre dos carinhos , das risadas e do cafuné. E sinta falta. Falta por ter me deixado ir, ao invés de me conquistar. Aquela falta que dá uma pontada de saudade no peito. Falta de alguém que gostou de você mesmo quando você tentava afastar. Só que a falta não traz ninguém de volta. E eu espero que quando ela começar a apertar, você saiba disso.

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