terça-feira, 16 de março de 2010

Descrença.

Quantas vezes será que podemos desviar dos caminhos que nos conduzem até a nossa realidade? Temo não poder clarear a nebulosidade que envolve meus olhos e me deixa desnorteada, perdida, completamente distante do que eu realmente busco. Já não sei mais aonde posso encontrar algo que seja capaz de preencher o vazio que foi deixado em mim, minha aptidão para me recuperar se foi com o mesmo estrondo que você e ainda levou tudo o que me pertencia. Não consigo descobrir nenhum raio de luz que possa clarear a escuridão que me reveste, meu mundo desabou depressa com a mesma velocidade que a água da chuva cai sobre minha cabeça tentando lavar a única sobra de sanidade que está em meu poder. E para completar a minha situação de desalento a trilha que me levava de volta para casa se extinguiu. Minha consciência se perdeu em meio aos restos que foram deixados para mim, desta maneira já não me encontro mais. Fui transformada em outra pessoa e padeço ao ver no que me converti, abate aos poucos o que resta de racionalidade em minha mente, aquela que todas as lembranças ainda não foram capazes de corroer. Todos os momentos pareciam tão esplêndidos, todas as palavras pareciam tão admiráveis. Tudo era capaz de se encaixar de uma forma incomparável, meus olhos e meu corpo jamais haviam presenciado algo tão anormal e tão distinto. Me enganei ao cogitar a possibilidade de tudo o que você sentia ser singular e me iludi ao considerar que poderia te ter sobre meu domínio para sempre. Todavia era inconcebível não fazê-lo pois você aparentava ser tão meu como nada nunca havia sido. Você me apareceu como um sonho, daqueles que são difícies de acreditar, e de repente foi substituído e me deixou como um pesadelo dos mais agoniantes, que te deixam incapaz de repousar a cabeça serenamente sobre o travesseiro. Eu depositei todas as minhas forças na tentativa de apagar da minha memória o seu semblante e destruir de uma vez as recordações de tudo o que foi construído durante o tempo que você valia a pena. Me abomino ao notar que tudo ainda é em vão, pois todas as vezes que fecho os meus olhos achando que é possível amenizar os sintomas dessa doença que se fez você, me deparo com a realidade e concluo que ainda não fui capaz de diluir esse dano que foi causado em mim. Minha existência se estagnou e grande parte do que me manteve segura por milésimos de segundos foi erguido com base em mentiras, fui enganada e ao mesmo tempo me enganei, minha ingenuidade me abateu e depois me ergueu de volta, um pouco desacordada e sonolenta e hoje ela é o que ainda assume meu coração quando vejo a esperança do meu recomeço brotar entre as formosas e reluzentes flores que desabrocham no início da Primavera.

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